Conheça o Al-Shabaab, grupo extremista da Somália

A Somália é uma nação de maioria muçulmana cuja sociedade espera que todos os somalis sejam islâmicos. Por isso, líderes religiosos das mesquitas e madrassas (escolas islâmicas), assim como líderes do grupo Al-Shabaab, declaram publicamente que não há espaço para o cristianismo, para os cristãos e as igrejas na Somália.
A própria Constituição do país declara que o islamismo é a religião do Estado. O governo somali ainda proíbe cristãos de celebrarem o Natal e quem quiser celebrar deve fazê-lo de forma muito discreta. Nesse contexto, o Al-Shabaab tem promovido de forma consistente uma ideologia anticristã na Somália.
O que é o Al-Shabaab?
O Al-Shabaab é um grupo militante islâmico que defende que todos os aspectos da vida na Somália deve ser orientado pela sharia (conjunto de leis islâmicas) e pela doutrina do wahabismo – uma vertente ultraconservadora do islamismo sunita que surgiu no século XVIII, na região onde hoje é a Arábia Saudita, com base nos ensinamentos de Muhammad ibn Abd al-Wahhab, que defende o retorno às “práticas originais do Islã”, rejeitando inovações, como novos estilos de música e algumas festividades, que surgiram após os primeiros séculos da religião.
Algumas das leis advindas da versão rígida da sharia em áreas sob controle do Al-Shaabab incluem o apedrejamento até a morte de mulheres acusadas de adultério e a amputação das mãos de ladrões. O grupo extremista também procura e mata somalis suspeitos de se converter ao cristianismo. Ser cristão, especialmente de origem muçulmana, é um grande risco e pode levar à morte nas mãos de grupos radicais.

Famílias são deslocadas por causa da violência na Somália
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Al-Shabaab significa “os jovens”, em árabe. O grupo surgiu como uma ala radical jovem do extinto Conselho Supremo das Cortes Islâmicas da Somália, que controlava Mogadíscio, capital do país, em 2006, antes de ser expulso por forças etíopes.
Há diversos relatos de jihadistas estrangeiros de países vizinhos, bem como dos Estados Unidos e Europa, que vão para a Somália ajudar o Al-Shabaab. O grupo foi declarado como grupo terrorista pelos Estados Unidos e Reino Unido e acredita-se que possua entre sete e nove mil combatentes.
Quais as conexões do Al-Shabaab?
Em um vídeo de fevereiro de 2012, o líder do Al-Shabaab, Ahmed Abdi Godane, disse que “prometia obediência” à Al-Qaeda, liderada por Aman al-Zawahiri. Também houve diversos relatos que o Al-Shabaab poderia ter se ligado a outros grupos militantes da África, como o Boko Haram, da Nigéria. O grupo também debateu a possibilidade de oferecer lealdade ao Estado Islâmico após seu surgimento, em janeiro de 2014, mas acabou rejeitando a ideia, o que resultou na separação de uma pequena facção.
Desde 2014, o Al-Shabaab é liderado por Ahmad Umar, também conhecido como Abu Ubaidah. Ele assumiu a liderança do grupo, após Godane ser morto em um ataque de drones norte-americanos. Os Estados Unidos emitiram uma recompensa de seis milhões de dólares por informações que levem a sua captura.
O quanto o Al-Shabaab é perigoso?
O Al-Shaabab é extremamente letal. Segundo a emissora BBC, o governo da Somália culpa o grupo pela morte de ao menos 500 pessoas em um grande bombardeio na capital Mogadíscio, em outubro de 2017. Esse foi o bombardeio mais mortal do Leste Africano. Porém, o Al-Shabaab não alegou responsabilidade. Apesar disso, confirmou ter realizado um ataque massivo em uma base militar queniana na cidade de El Adde, na Somália, em janeiro de 2016, que matou cerca de 180 soldados, segundo o então presidente, Hassan Sheikh Mohamud.

Cadeira da sala de oração atingida pelo bombardeio do Al-Shaabab em ataque à Universidade de Garissa em 2015
O Al-Shabaab também realizou diversos ataques no Quênia, incluindo o massacre de 2015 na Universidade de Garissa, próximo à fronteira com a Somália. Um total de 148 pessoas morreram quando homens armados invadiram a universidade e alvejaram estudantes cristãos. E, durante a Copa do Mundo de Futebol, em 2010, o grupo bombardeou um clube de rúgbi e um restaurante em Uganda, na capital Kampala, matando 74 pessoas que assistiam uma partida.
Quanto da Somália o Al-Shabaab controla?
Apesar de ter perdido o controle da maioria das cidades, o Al-Shabaab ainda domina muitas áreas rurais na Somália. O grupo luta contra o governo que é apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e, por causa da ameaça que representa, foi expulso da maioria das cidades principais que controlava. Por isso, o grupo tem se deslocado e dominado principalmente o interior do país.
O Al-Shabaab foi expulso da capital Mogadíscio em agosto de 2011, após uma ofensiva liderada por cerca de 22 mil tropas da União Africana, e deixou o importante porto de Kismayo em setembro de 2012. Essa última perda afetou suas finanças, pois o porto era usado para conseguir dinheiro por meio do lucrativo comércio de carvão da cidade.
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Os Estados Unidos têm atuado militarmente contra o Al-Shabaab, eliminando líderes importantes, como Aden Hashi Ayro em 2008 e seu sucessor, Ahmed Abdi Godane. Em 2017, o presidente Donald Trump intensificou essa campanha, aprovando um plano que resultou em 30 ataques aéreos naquele ano, mais de quatro vezes a média anterior.

Diante da violência, muitos cristãos preferem manter a fé em segredo
A iniciativa com mais de 500 soldados busca enfraquecer o grupo na Somália. No entanto, o Al-Shabaab continua sendo uma ameaça, capaz de executar ataques suicidas e de recuperar o controle de algumas áreas.
Como o Al-Shabaab persegue os cristãos?
Eliminar a presença cristã na Somália é um dos objetivos do Al-Shabaab. Por isso, os jihadistas promovem ataques para matar o maior número de cristãos possível. Durante as emboscadas, os soldados do Al-Shabaab forçam a recitação da shahada (a declaração islâmica de fé) e aqueles que não recitam são considerados infiéis e assassinados.
O Al-Shabaab se infiltra em cidades e vilas e monitora todas as atividades. O grupo realiza amputações, chicoteia mulheres em público e executa aqueles que quebram suas leis. Diante de tanta violência, muitos cristãos escolhem viver a fé em segredo.
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Perguntas Frequentes
O Al-Shaabab foi responsável pelo ataque à Universidade de Garissa?
Sim. O Al-Shabaab realizou diversos ataques no Quênia, incluindo o massacre de 2015 na Universidade de Garissa, próximo à fronteira com a Somália. Um total de 148 pessoas morreram quando militantes armados do grupo invadiram a universidade e alvejaram estudantes cristãos.
O Al-Shaabab foi responsável pelo ataque mais mortal com bombas do Leste Africano?
Sim. Ao menos 500 pessoas foram mortas em um grande bombardeio na capital Mogadíscio, em outubro de 2017. Esse foi o bombardeio mais mortal do Leste Africano.
O Al-Shaabab é vinculado à Al-Qaeda?
Sim. Em 2012, o líder do Al-Shabaab, Ahmed Abdi Godane, declarou em um vídeo que “prometia obediência” à Al-Qaeda.
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